Dr. Flávio Ponce

Hérnia de Hiato e Doença do Refluxo: Entenda e Trate

O que é Hérnia de Hiato e Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)?

A hérnia de hiato é uma condição em que a parte superior do seu estômago se move para cima, atravessando uma abertura no diafragma (o músculo que separa o tórax do abdômen) chamada hiato esofágico. Essa abertura é por onde o esôfago passa para se conectar ao estômago. Quando essa abertura se alarga, parte do estômago pode deslizar para o tórax, caracterizando a hérnia de hiato.

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago de forma recorrente, causando sintomas e, potencialmente, lesões no esôfago. A hérnia de hiato é um fator que frequentemente contribui para a DRGE, pois pode comprometer o funcionamento da válvula natural que impede esse refluxo.

Sintomas da Hérnia de Hiato e DRGE

Muitas pessoas com hérnia de hiato pequena podem não apresentar sintomas. No entanto, quando ocorrem, os sintomas estão frequentemente relacionados ao refluxo gastroesofágico. Os mais comuns incluem:

  • Azia (pirose): Sensação de queimação no peito, que pode subir até a garganta.
  • Regurgitação: Retorno do alimento ou líquido ácido para a garganta ou boca.
  • Dor no peito: Que pode, por vezes, ser confundida com problemas cardíacos.
  • Dificuldade para engolir (disfagia): Sensação de que o alimento está "parado".
  • Arrotos frequentes.
  • Sensação de estômago cheio ou inchaço após comer.
  • Tosse seca crônica, rouquidão ou pigarro.
  • Piora dos sintomas ao deitar ou curvar-se.

Quais os Riscos de Não Tratar uma Hérnia de Hiato Sintomática ou a DRGE?

Embora nem todas as hérnias de hiato ou casos de refluxo causem problemas graves, a falta de tratamento adequado para condições sintomáticas pode levar a complicações como:

  • Esofagite: Inflamação do esôfago causada pelo contato constante com o ácido do estômago.
  • Úlceras no esôfago: Feridas que podem se formar na parede do esôfago devido à inflamação crônica, podendo causar dor e sangramento.
  • Estenose esofágica: Estreitamento do esôfago devido à cicatrização da inflamação, dificultando a passagem dos alimentos.
  • Esôfago de Barrett: Uma alteração pré-cancerosa nas células que revestem o esôfago, que aumenta o risco de câncer de esôfago.
  • Complicações respiratórias: Como tosse crônica, asma ou pneumonias de repetição, devido à aspiração do conteúdo refluído.
  • Encarceramento ou estrangulamento da hérnia (raro): Em tipos menos comuns de hérnia, uma parte do estômago pode ficar presa ou ter seu suprimento sanguíneo cortado, o que é uma emergência médica grave.

Como é Feito o Diagnóstico?

O diagnóstico preciso é fundamental para definir o melhor plano de tratamento. O processo geralmente envolve:

  1. História Clínica Detalhada e Exame Físico: Uma conversa aprofundada sobre seus sintomas, histórico de saúde e hábitos de vida.
  2. Endoscopia Digestiva Alta (EDA): Exame chave para visualizar o esôfago, estômago e duodeno, identificar a hérnia de hiato, esofagite, e outras alterações.
  3. pHmetria Esofágica de 24 horas: Mede a quantidade de ácido que reflui para o esôfago durante 24 horas, correlacionando com os sintomas.
  4. Manometria Esofágica: Avalia a função motora do esôfago, importante no planejamento cirúrgico.

Opções de Tratamento

Tratamento Clínico

O tratamento inicial geralmente envolve mudanças no estilo de vida (perder peso, evitar certos alimentos, elevar a cabeceira da cama) e medicamentos que reduzem a acidez do estômago, como os Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs).

Tratamento Cirúrgico: Hernioplastia Hiatal e Fundoplicatura

A cirurgia é considerada quando o tratamento clínico não é eficaz, há complicações ou o paciente prefere uma solução definitiva. O procedimento, chamado Hernioplastia Hiatal com Fundoplicatura, é realizado por técnicas minimamente invasivas (videolaparoscopia ou robótica).

Nesta cirurgia, o estômago é reposicionado no abdômen, a abertura no diafragma é fechada e uma nova válvula anti-refluxo é criada usando parte do próprio estômago. A cirurgia robótica oferece vantagens como visão 3D ampliada e maior precisão, o que pode resultar em uma recuperação mais rápida e menos dor.

Pós-operatório e Recuperação

A sua recuperação após a cirurgia é uma etapa importante. Geralmente, é progressiva, e seguir as orientações contribui para o conforto e evita complicações.

1. Dieta (Progressão Especial):

A cirurgia de hérnia de hiato e refluxo exige uma progressão dietética cuidadosa:

  • Primeiros 7 dias: Dieta exclusivamente líquida.
  • Do 8º ao 21º dia: Dieta pastosa/branda.
  • Após o 21º dia: Introdução gradual de alimentos sólidos, mastigando bem.

2. Dor:

É comum sentir dor na região operada, controlada com analgésicos. Dor no ombro também é frequente após videolaparoscopia e geralmente melhora em poucos dias.

3. Cuidados com os Cortes (Feridas Operatórias):

Mantenha os curativos limpos e secos. Você poderá tomar banho e molhar os curativos, secando delicadamente após. Fique atento a sinais de infecção.

4. Movimentação e Atividade Física:

Caminhe desde o primeiro dia. Evite esforços maiores no início. Levantar peso (até 20kg) é permitido após 20 dias.


Dr. Flávio Silverio de Almeida Ponce

CRM/SC 17572 | RQE Cirurgia Geral 11220

WhatsApp: (47) 99782-5219 | E-mail: flavio.ponce@icloud.com