Dr. Flávio Ponce

Hérnia Epigástrica: Entenda e Trate

O que é a Hérnia Epigástrica?

A hérnia epigástrica ocorre quando há uma abertura ou ponto fraco na musculatura da parede abdominal na linha média, entre o umbigo e a parte inferior do osso esterno (o osso do peito). Essa fragilidade permite que tecidos internos, geralmente gordura ou, mais raramente, parte do intestino, se projetem para fora, criando uma protuberância visível ou palpável na região epigástrica (a parte superior do abdômen). Pode surgir devido a fatores como aumento da pressão abdominal, enfraquecimento muscular congênito ou adquirido.

Quais são os Sintomas da Hérnia Epigástrica?

Os sintomas da hérnia epigástrica podem variar, mas alguns sinais são mais característicos. É importante estar atento a:

  • Abaulamento ou Inchaço na Região Epigástrica: Este é o sinal mais comum. Trata-se de uma protuberância, geralmente pequena e arredondada, localizada na linha média do abdômen, acima do umbigo. O abaulamento pode tornar-se mais visível ou aumentar quando a pessoa faz força, como ao tossir ou levantar peso.
  • Dor ou Desconforto na Região Epigástrica: Pode ocorrer dor leve a moderada, sensibilidade ao toque, sensação de queimação ou um desconforto vago na área da hérnia. Essa dor pode piorar com atividades que aumentam a pressão abdominal.
  • Sensação de Pressão: Alguns pacientes relatam uma sensação de pressão na área afetada.

Em muitos casos, especialmente se pequenas, as hérnias epigástricas podem ser assintomáticas. É fundamental procurar um médico se o abaulamento se tornar doloroso, endurecido, ou se surgirem sintomas como náuseas e vômitos, pois estes podem ser sinais de complicações.

Como é feito o Diagnóstico da Hérnia Epigástrica?

O diagnóstico da hérnia epigástrica é geralmente direto e confirmado através da avaliação médica no consultório. As etapas comuns incluem:

  1. Exame Clínico: Na maioria dos casos, o diagnóstico é estabelecido durante o exame físico. O médico irá inspecionar e palpar a região epigástrica (linha média do abdômen, acima do umbigo) em busca de abaulamentos ou protrusões. Manobras que aumentam a pressão abdominal podem ser solicitadas para tornar a hérnia mais evidente.
  2. Exames de Imagem (quando necessários): Embora o exame clínico seja frequentemente suficiente, em algumas situações podem ser solicitados exames de imagem, principalmente para confirmar o diagnóstico em casos de dúvida, para avaliar o conteúdo da hérnia (especialmente se houver suspeita de encarceramento), ou para descartar outras condições. Os exames mais utilizados são:
    • Ultrassonografia: Um exame simples e não invasivo que pode visualizar a hérnia e seu conteúdo.
    • Tomografia Computadorizada (TC) ou Ressonância Magnética (RM): Podem ser úteis em casos mais complexos ou para planejamento cirúrgico detalhado se necessário.

A combinação da avaliação clínica detalhada com os exames de imagem, quando necessários, permite um diagnóstico preciso da hérnia epigástrica e o planejamento adequado para o tratamento.

Quais os Riscos de Não Realizar o Tratamento da Hérnia Epigástrica?

Embora hérnias epigástricas pequenas e assintomáticas possam ser acompanhadas, a falta de tratamento, especialmente em hérnias sintomáticas ou maiores, pode levar a complicações:

  • Aumento da Hérnia: Com o tempo, a hérnia pode aumentar de tamanho, tornando-se mais desconfortável e esteticamente perceptível.
  • Dor: A dor pode se intensificar ou se tornar mais frequente, limitando atividades.
  • Encarceramento: O tecido herniado (geralmente gordura) pode ficar preso na abertura da parede abdominal, causando dor intensa e contínua.
  • Estrangulamento: Embora mais raro em hérnias epigástricas que contêm apenas gordura, se uma porção do intestino estiver envolvida e o suprimento sanguíneo for cortado, ocorre uma emergência médica que requer cirurgia imediata.

Tratamento Cirúrgico da Hérnia Epigástrica

O que é a Herniorrafia Epigástrica Convencional?

A herniorrafia epigástrica convencional é a cirurgia para corrigir a hérnia epigástrica. O procedimento geralmente envolve:

  • Incisão: O cirurgião realiza uma incisão na pele sobre a hérnia, na região epigástrica.
  • Redução da Hérnia: O tecido que se projetou é delicadamente reposicionado de volta para dentro da cavidade abdominal ou removido se for apenas gordura.
  • Reparo da Parede Abdominal: A abertura ou o ponto fraco na musculatura (geralmente na linha alba) é fechado com suturas. Em alguns casos, especialmente em hérnias maiores ou recorrentes, pode-se utilizar uma tela cirúrgica (prótese) para reforçar a área e diminuir o risco de a hérnia retornar.
  • Fechamento da Incisão: A pele é fechada com pontos.

A Possibilidade do Procedimento Robótico

Em casos selecionados, a correção da hérnia epigástrica também pode ser realizada utilizando a cirurgia robótica, uma abordagem minimamente invasiva. As vantagens potenciais incluem maior precisão, visão 3D ampliada, incisões menores e potencial para recuperação mais rápida, similar ao descrito para outras hérnias. A decisão sobre a melhor abordagem cirúrgica será tomada em conjunto com seu médico.

Pós-operatório e Recuperação da Herniorrafia Epigástrica

A recuperação após a cirurgia de correção de hérnia epigástrica geralmente é rápida, permitindo o retorno às atividades normais em poucos dias a semanas, dependendo da extensão da cirurgia e da resposta individual.

1. Dieta:

Geralmente, não é necessário seguir uma dieta especial restritiva. Recomenda-se uma alimentação saudável, evitando excessos, especialmente de gorduras e frituras nas primeiras semanas. Mantenha-se bem hidratado.

2. Dor:

É comum sentir dor na região operada (epigástrica), controlada com os analgésicos prescritos. Se a dor for intensa ou não melhorar, comunique seu médico.

3. Cuidados com o Corte (Ferida Operatória):

O corte será fechado com pontos e coberto com curativos. É normal um pequeno hematoma ou inchaço local. Mantenha a ferida limpa e seca. Siga as orientações do seu médico sobre a troca de curativos e higiene local. Fique atento a sinais de infecção (vermelhidão intensa, inchaço progressivo, pus, febre).

4. Movimentação e Atividade Física:

Caminhar é incentivado desde o primeiro dia. Evite esforços físicos intensos, carregar peso excessivo (geralmente acima de 5-10kg, conforme orientação) ou fazer atividades extenuantes por cerca de 4 a 6 semanas, ou conforme liberação médica. O retorno às atividades deve ser gradual.

5. Exercícios Respiratórios:

Respire fundo algumas vezes a cada hora para ajudar na expansão pulmonar.

6. Medicação:

Utilize as medicações prescritas para dor e outras, conforme orientação.

7. Quando Procurar Ajuda Médica:

Em caso de dúvidas ou sinais de complicação (sangramento excessivo, secreção purulenta, febre, dor intensa e persistente, vômitos), entre em contato com seu médico ou procure um serviço de emergência.

Quais os Riscos da Herniorrafia Epigástrica Convencional?

Como toda cirurgia, a herniorrafia epigástrica apresenta alguns riscos, embora geralmente baixos:

  • Infecção, sangramento, dor, hematoma ou seroma no local da cirurgia.
  • Lesão de estruturas adjacentes (raro).
  • Reação à tela cirúrgica (se utilizada).
  • Recorrência da hérnia.
  • Complicações anestésicas.

Conclusão

O tratamento cirúrgico da hérnia epigástrica visa aliviar os sintomas, prevenir complicações e restaurar a integridade da parede abdominal. Converse abertamente com seu médico sobre a melhor abordagem para o seu caso, os benefícios e os riscos envolvidos.


Dr. Flávio Silverio de Almeida Ponce

CRM/SC 17572 | RQE Cirurgia Geral 11220

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